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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

As novelas e a desconfiança na polícia

Curiosamente, enquanto navegava pela internet, deixei a TV ligada, enquanto passava uma novela. Qual não foi minha surpresa quando, surpreendido no acompanhar do folhetim televisivo, assisti a uma cena que me estarreceu.

Pelo que pude entender, uma moça teria sido seduzida por um marginal, a mando de outra pessoa e, por chantagem a uma quarta pessoa, a primeira moça corria perigo. O referido marginal poderia fazer-lhe mal.

Ora, diante da cena, um dos parentes da jovem “consensualmente raptada” sugere acabar com isso tudo, chamando a polícia. A heroína da novela protesta: não, isso resolveremos nós. No que é secundada por outro mocinho: “Deixem a polícia fora dessa história.” Ou seja, deixem a polícia fora da investigação de um crime.

É assustador que muitas novelas – e já assisti cenas semelhantes em várias outras – mostrem os personagens principais resolvendo, por si só, os delitos, negociando, sem a polícia “atrapalhar”. Há um seqüestro? Os civis mesmo resolvem, sem policiais. Há uma fuga de um malfeitor, o “bandidão” da novela? O mocinho o persegue de carro e consegue prendê-lo.

Sem tirar a responsabilidade pessoal da autodefesa – visto que sou um defensor da teoria de que o Estado apenas interfira quando o indivíduo não o pode –, é inadmissível que essas modernas formas de entretenimento e que prendem famílias inteiras à frente da “telinha” continuem com esse modo irresponsável de tratar do evento criminoso.

A visão é a de que a polícia deve ser vista com desconfiança! Na novela, o policial militar é um sargentão mal preparado e amante da violação dos direitos humanos, quase um sádico com seu cassetete a distribuir bordoadas principalmente no cidadão honesto. O agente de polícia judiciária é um corrupto que recebe “bola” de traficante. E o delegado um sujeito desleixado, com uma indefectível jaqueta de couro velha, “cara de bagaceira” e com conhecimentos pífios de direito penal e processual penal. E todos, do soldado ao coronel, do investigador ao delegado, apenas repetem clichês do tipo “lei e ordem”, “circulando” e outros.

Em tempos de crescente criminalidade, pregar a desnecessidade da polícia chega quase a ser conivência para com a bandidagem.

1 comentários:

Giovani Rodrigues disse...

pois é, meu amigo. em "tempos de paz" é fácil depreciar a polícia, mas quando a coisa torna-se insuportável (vide RJ) a história muda de figura. O povo passa a ter confiança, segurança e esperança nos policiais.

e no mais estes autores de novelas são gente estranha (comunas, gays, etc). adoram seguir "filosofias" tipo Caetano: "eu digo não ao não. eu digo: é proibido proibir".

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